sexta-feira, 6 de abril de 2012

Chega de mentiras!

          Um pai do século XXI tem de ser mais um amigo para seu filho, para sua filha, do que um mero disciplinador. Ontem conversei com uma moça de 18 anos que dizia estar com ódio da vida, desejaria sumir. Fiquei preocupado, procurei abrandar os seus sentimentos com palavras de compreensão e de amor.
         - O que a vida te fez? Perguntei.
         - Tudo, minha vida é uma droga, nunca posso fazer nada, meu pai não deixa, isto é vida? Me falou, parecia assustada, encurralada.
         O pai, conservando os padrões recebidos de seus pais, mantém a filha "sob controle", exercendo a autoridade que lhe foi conferida pela instituição "família". É triste que estas coisas ainda aconteçam nos tempos da globalização, onde tudo se sabe, onde tudo se conhece.
         A filha só pode namorar depois de formada, "ou namora, ou estuda". Minha mãe dizia assim também para suas filhas, na década de 1960, quando os hormônios da puberdade começava a circular no corpo jovem de moças donzelas de uma época que passou, mas que foi conhecida como o início da independência da mulher.
         Nos Estados Unidos as moças começavam a "ficar", a viver os primeiros passos da igualdade de gêneros. Nós ainda nos mantínhamos obedientes, esperando casar para viver uma vida sexual plena. Para o homem era permitido frequentar os bordéis em busca da satisfação da carne.
         Não compreendo como um pai possa cometer tamanha violência nos dias de hoje. Senhores pais, por favor abram um espaço ao diálogo com seus filhos, com suas filhas, ou vocês vão perdê-los para sempre. Vai abrir um espaço sem tamanho entre vocês e a loucura dos jovens perdidos será o resultado final.
         Fico triste com tantos jovens tomando "remédio controlado", "tarja preta" como se diz, simplesmente porque não são compreendidos.
         Os tempos mudaram, mudemos nós, os pais e os avós dos dias de hoje. Do contrário, vamos formar uma geração de pessoas dependentes de drogas - as prescritas pelos especialistas e as disponíveis do lado de sua casa, na praça de sua cidade, nos bares da vida, em qualquer esquina para onde estamos levando nossos filhos, nossos netos.
         Abram os seus corações, sintonizem com os corações aflitos desta juventude que só deseja viver, mas que preferem morrer a continuarem vivendo atrelados às normas estabelecidas por um passado que já causou muito sofrimento, a nós mesmos, os pais e os avós da era presente.
         O diálogo, por difícil que seja, por desconfortável que pareça, ainda é o caminho para o entendimento entre as gerações. Chega de mentiras!

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