sábado, 25 de junho de 2011

Festa de São Pedro, estou triste.

               Gostaria de ver minha cidade arrumada nos dias de festas. As ruas livres para passar a procissão, a praça completamente desocupada para dar passagem às pessoas que se deslocam para a Igreja Matriz ou as que passeiam livremente. Infelizmente não é assim que a gente está vendo. Bancas de comércio ambulante e quiosques de lanches por todo lugar, sem nenhuma organização. As pessoas vêem de carro ou moto e estacionam o veículo de um lado e outro das ruas numa total bagunça. Até São Pedro quando quer passar tem de sair em sugue-zague, com a multidão ocupando desordenadamente os espaços que sobram. É lastimável.
                Pior do que tudo isto é a presença de um monstruoso palco e uma parafernália de equipamentos numa grande área da lateral da praça, inadequadamente improvisada como espaço para os shows noturnos. As apresentações dos conjuntos ocorrem logo que termina a novena. É só fechar as portas da Igreja e o barulho começa. Daí em diante não se pode mais conversar pois não se ouve mais nada.
               Bebida alcoólica ofertada em dezenas de bancas, coquetéis com nomes os mais esdrúxulos e imorais. Bancas por todo lado, sem nenhuma organização. Começa o show com as crianças circulando no meio de adultos consumidores de bebidas se embriagando, um péssimo exemplo para os mais jovens.
               Caririaçu tem um espaço construído e utilizado em outras ocasiões para apresentações desta natureza mas o atual prefeito, Sr. Edmilson Leite teima em manter a festa e a nossa cidade nestas condições. Perde a cidade, perdem as crianças, perdem as pessoas mais velhas que infelizmente não podem ficar no meio de tamanha barulheira e desordem. Chega Sr. Prefeito! Por favor no próximo ano nos devolva a praça, nos proporcione a alegria de se ter uma festa decente, organizada e digna de uma cidade que recebe todos os anos os seus filhos para celebrar com alegria e respeito o Santo Padroeiro, a Festa de São Pedro. VIVA SÃO PEDRO! VIVA!

Retrato em 3X4

Fui um adolescente inseguro, tímido, medroso e me achava feio. Revirando meus guardados encontrei uma foto 3X4 daquela época. Olhei para a objetiva um pouco assustado, meio triste, mas que tou bonito, isso tou...

Loas e boas.

               Chegue mais perto, venha apreciar o belo! É tudo o que existe e o que existe é nada...

               De tudo um pouco e do pouco o meu sustento. Do meu sustento uma fatia para você...

               Não penso em me dar bem, penso em me dar...
               Fizeram de mim tantas coisas! Estava ausente.

               Não me entrego fácil, vou até o fim da estrada...

               Amanheceu para você, é uma nova aurora. Acorda!

A nata e a borra.

               Não escrevo para a nata, escrevo para a borra. Você já se deliciou com a borra da manteiga da terra? Aquela que vem da nata? A nata é branca, quer ser pura. A borra vem da nata branca, é escurinha, satisfeita em ser assim. É uma delícia, passe na tapioca (branca) e veja! Uma mistura das duas é o que somos, é o que nos delicia.

Deixa-me, deixa-me fonte, não me leves para o mar...

               Desde cedo saí de casa, do berço da família para estudar fora. Fui uma criança nascida no mato, mato mesmo, na frente da minha casa era uma floresta. Quando nasci, em 1943, grande parte das terras da serra de São Pedro era coberta de mata virgem, uma floresta seca serrana. Aroeiras, pau d'arcos, angicos, enormes jatobás, cana fístula, barrigudas, imburanas e muitas outras espécies. Se eu andasse uns cem metros em linha reta saindo da porta principal da casa onde eu morava, entrava na mata. Às vezes, quando minha mãe zangada me ameaçava de uma surra, eu dizia: "vou-me embora, não volto mais" e mergulhava na mata com uma baladeira na mão. De calças curtas, me lembro bem como se fosse hoje, pegava uma vereda dentro do mato, tomava o rumo da casa de um morador do meu pai e ia para a cozinha fazer pipoca com um garoto da minha idade, meu amigo. Ali ficava e esquecia até do castigo prometido pela minha mãe. Depois voltava desconfiado, se chegando aos poucos, ela nem mais se lembrava da surra.
               Distante da minha terra, do meu berço, do aconchego familiar, na luta pela vida, em busca do "ser gente" como dizia minha mãe, eu sofria, morria de saudades, chorava - às vezes, durante o dia, batia uma saudade no meu coração, eu não podia chorar na frente das pessoas aí deixava para chorar à noite, já deitado na rede, sozinho no meu quarto, na casa da minha tia. As lágrimas quentes sobre minha face eram minhas companheiras nas noites de saudades.
              Esta poesia, Deixa-me fonte de Vicente de Carvalho, que eu lia na Nova Seleta era meu consolo. Deixei minha terra no interior do Ceará e fui para junto do mar em Fortaleza. Deixa-me, deixa-me fonte, não me leves para o mar...


DEIXA-ME FONTE
                   Vicente de Carvalho

“Deixa-me fonte”, dizia
A flor, tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.

“Deixa-me, deixa-me fonte!”
Dizia a flor a chorar:
“Eu fui nascida no monte.
Não me leves para o mar”.

E a fonte rápida e fria,
Com um sorriso zombador,
Por sobre a areia corria,        
Corria levando a flor.

“Adeus sombra das ramadas
Cantigas do rouxinol!
Ai, festas das madrugadas
Doçuras do por do sol!”

“Carícia das brisas leves
Que abrem rasgões de luar
Fonte, fonte, não me leves
Não me leves para o mar!”

Chorava a flor e gemia,
Branca, branca de temor;
E a fonte sonora e fria,
Rolava, levando a flor.

Eu e o outro...

               Descubro um pouco de mim no outro. O seu jeito de falar me toca, sou um pouco dos seus gestos. A sua voz acelerada, com pouco espaço para a respiração, me acelera também e me vejo nas palavras rápidas, pronunciadas sem nenhum sentido. Aí me pergunto, quem sou?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Viagem à India.

               A primeira vez que estive na India foi em 1989, cheguei lá no mês de dezembro. O avião pousou no aeroporto de Bombaim, hoje Mumbai,  a maior confusão no momento do desembarque, uma desorganização que só vendo, coisas de indiano que só depois pude entender. Deixei o aeroporto com destino a Puna, cidade onde se encotrava o motivo de minha viagem. Encontrar Osho, chegar perto dele, sentí-lo, beber da fonte da sabedoria. Em 1988, quando pedi para ser seu discípulo, ou seja, quando pedi sânias, ele me deu o nome de Suami Arpana Gyan. Swami significa mestre de si mesmo; Arpana, ofereça-se a Deus; Gyan, sabedoria. Ofereça-se a Deus com Sabedoria, é a minha caminhada nesta passagem pelo planeta. Desde que me tornei discípulo, algo dentro de mim me pedia para que eu fosse ter com Osho, era um chamado insistente, uma vozinha lá dentro: um homem do quilate de Jesus aqui na terra e você vai perdê-lo novamente? Não vai conhecê-lo? Chegar perto dele? Até que um dia me chegou a grana e pela primeira vez na vida cruzei o atlântico, dez horas de vôo até Londres, mais dez até Bombaim.
              Peguei um taxi no aeroporto e segui viagem com destino a Puna (Pune), uma distância de aproximadamente duzentos quilômetros. Na saída do aeroporto muita sujeira na rua, muitos barracos paupérrimos com pessoas vivendo dentro, gente vivendo até sob teto forrado de papelão e paredes de lona preta de plástico, uma pobreza só. Quando o taxi parava num semáforo o motorista pedia para que eu suspendesse o vidro do carro porque a garotada e pedintes de todas as idades estendiam as mãos e inclinavam as cabeças em nossa direção, muitos se agarrava ao veículo, eu apavorado. Já arrependido de ter feito a viagem, se pudesse voltaria dali mesmo. O coração apertado, uma pobreza maior que a do meu país e multiplicada inúmeras vezes, o medo maior era de ser assaltado no percurso da viagem.
               O taxi era um automóvel antigo, desses que conheci quando criança, na praça de Juazeiro do Norte, o carro de praça como chamávamos e que fazia corridas dentro da cidade ou para cidades vizinhas. Não esqueço nunca os passeios que fazíamos do centro de Caririaçu para o quadro do pernambuquinho, nos dias da festa do padroeiro ou de final de ano, no carro de Turão, um conhecido motorista de praça da época. Isto se deu no final da década de 1940 e início da década de 1950. Eu era tão pequeno que precisava esticar o pescoço para ver as casas das laterais da rua. O carro tinha um cheiro forte de gasolina, nos deixava enjoados e aí só podíamos dar uma ou duas voltas. Minha tia Celi pagava o passeio. Não posso avaliar a alegria que nos tomava o coração tamanha aventura! Este era o modelo de carro que vi muitos naquela minha primeira viagem à India, circulando ao lado de modelos modernos, caminhões, motos, lambretas, bicicletas, rickshas, carroças puchadas a camelos, bois, búfalos, pedestres tudo junto circulando nas ruas das pequenas e grandes cidades.


Onde estás?

Quase sempre o badalar dos sinos me acorda
               e me diz de uma lembrança, num passado remoto,
                              distante mesmo, algo que não consigo
               tomar em minhas mãos.
Mexe comigo, fala de uma saudade guardada aqui dentro,
              algo que incomoda um pouco e me deixa incompleto,
                              sofro.
Não sei como afastar este sentimento, esquecer,
              sempre que os sinos tocam,
                              agora tenho certeza, revivo alguma coisa
              que me lembra você.
Onde estás?

Um só...

A ternura em mim me diz da suavidade de tua pele,
               do frescor dos teus beijos, da maciez de   tuas mãos.
A ternura em mim mergulha em teu olhar e descobre
               a suavidade dos teus gestos, me embriago.
A ternura em mim me diz que você me quer
               bem perto, juntinho, entrelaçados um no outro,
                              um só.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Agora à noite...

Meu filho Breno resolveu tirar um cochilo aqui do meu lado. A minha turminha - Lua, mais escura, de lacinho rosa; o Pancho, gaucho mesmo, veio do Rio Grande de Sul para Caririaçu (ainda bem que o clima aqui é de serra, um pouco frio) ele é o branquinho mais tosado e a Mel sobre sua perna, à esquerda.

Curto muito esta turma! Fazem parte da minha vida, crianças me fazendo um Ser Livre.

Plácido Castelo homenageia conterrâneos.

          Hoje participei de uma comemoração na Escola de Ensino Plácido Aderaldo Castelo em homenagem à Professora Maria Floscoelli Machado Lacerda, de saudosa memória, com a inauguração da Sala dos Professores que agora recebe o seu nome e de uma academia em homenagem ao Benemérito Valdemar Bernardino da Silva, que esteve presente ao acontecimento. A solenidade contou com a participação do Diretor da escola, Professor Alberto Pinheiro, Prefeito Municipal Sr. Edimilson Leite, Vereadores, Diretora do CREDE de Juazeiro do Norte, Delegada de Polícia de Caririaçu, professores, alunos, funcionários, membros da comunidade e familiares dos homenageados.
         Segue abaixo as palavras de agradecimento em nome da família, pela homenagem concedida a minha irmã Maria Floscoelli.

Uma vida voltada para a educação.

                Floscoelli, quero começar minhas palavras articulando seu nome, Ceceli como chamávamos em família. É um nome muito bonito, de origem latina, Flor do Céu. Sua chegada ao planeta se deu no dia 24 de outubro de 1944 e sua despedida no dia 30 de outubro de 2003. Foi uma flor efêmera, dessas que se forma em botão, se abre, exala seu agradável perfume e se despede deixando saudades e lembranças inesquecíveis. Por isto esta justa homenagem que a Escola de Ensino Médio Plácido Aderaldo Castelo, através de sua direção, professores, alunos e funcionários lhe concede.

            Você deixou um legado de base firme, edificado pela incansável dedicação à educação no município de Caririaçu. Quantas pessoas, hoje educadores também, não tiveram na bondade e incentivo persistente de Floscoeli o impulso para atingir suas metas? Hoje disseminam pelas salas de aula o exemplo de grandeza que foi esta tão brilhante e respeitada professora. Que esta sala que neste momento recebe o nome de Maria Floscoelli Machado Lacerda, seja uma lembrança viva do legado educacional e cultural lapidado por ela ao longo de sua passagem pela CNEC de Caririaçu, inicialmente como professora do então Ginásio São Pedro e depois como diretora do Centro de Ensino São Pedro, onde permaneceu até quando seu estado de saúde lhe permitiu.

            Sinto-me feliz por estar aqui em nome da família e agradecer por esta homenagem, a inauguração de tão importante espaço, especialmente por se tratar desta escola, berço da formação educacional de Floscoelli , que aqui chegou no início da década de 1950.

            Antes de finalizar minhas palavras peço permissão aos presentes para lhes contar um fato que marcou muito a estreia de minha irmã nos bancos escolares aqui neste estabelecimento de ensino. Lembro-me muito bem do primeiro dia que aqui chegamos – Floscoelli, eu e Rossini. Fincamos pé nos degraus do portão de entrada e aos berros, desesperados, como três bichinhos do mato, fizemos nossa mãe passar o maior vexame e não entramos na escola. Ficamos de castigo o dia todo e no dia seguinte chegamos mansinhos até a sala de aula, ainda muito assustados. Foi uma imposição de limites que nos deu a nossa mãe e, junto com o corretivo físico, recebemos também lições de incentivo para que seguíssemos a carreira do estudo.

            Era um sonho de Dona Alzira ver a todos os seus filhos formados. Floscoelli foi a primeira, recebeu seu diploma de professora em 1963 e veio para sua cidade multiplicar o ideal de sua mãe, abrindo os horizontes do conhecimento a inúmeros discípulos conterrâneos seus.

            Abençoada Floscoelli, colhes hoje mais esta pétala do reconhecimento pelo teu trabalho que teus amigos carinhosamente de oferecem. Um buquê de flor, um roseiral, um jardim é o resultado daquilo que tu semeastes.
José Wagner Borges Machado

Festa de São Pedro em Caririaçu.

 São Pedro padroeiro. A praça é toda ornamentada e muito colorida.
 Igreja Matriz de São Pedro, às cinco horas da manhã momentos antes da salva.
 Mesa do café da manhã na rua principal da cidade que acontece logo após a salva e a bênção matutina na Igreja Matriz, celebrada pelo Padre Cláudio.
 Mesa ornamentada pelo conterrâneo Flávio Borges que nesta época do ano se desloca para Caririaçu para assistir à festa e colaborar com a sua arte.

 Momento de confraternização da comunidade. Café da manhã com a participação de todos, cada morador traz a sua prenda que pode ser pão, bolo de puba, pé-de-moque, tapioca, beiju, frutas variadas, salgados em geral e tudo que é apreciado pela comunidade.
A presença do Padre Cláudio é alegria na certa. No primeiro plano nossa conterrânea Fátima Rodrigues, uma das paroquianas mais animada.

          Começou a festa de São Pedro, padroeiro da cidade de Caririaçu. A primeira celebração do dia é a salva de fogos e queima de bateria com a presença´da Banda de Música. Caririaçu fica na Serra de São Pedro, 730m de altitude e neste tempo esfria um pouco. A banda de música é da própria cidade, são filhos da terra, jovens esforçados e entusiastas.
         As festividades acontecerão até o dia 29, dia do santo padroeiro, com comemorações matutinas, vespertinas e noturnas. À noite acontece a festa religiosa e mais tarde a festa profana, muito ao gosto da juventude que aprecia o forró e músicas atuais. Nesta época a cidade recebe seus filhos que moram em outras cidades e que aqui vêem para matar as saudades. Parabéns Caririaçu! Viva São Pedro! Viva!!!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Aprendendo a ser pai...

Clivia teima com seus sentimentos, pois
          não é que a vontade de tirar dez
                    nas provas lhe rouba
          momentos de preguiça!

Ainda ontem criança viva, não parava, sempre
          me chamando prá brincar.

Solta na grama corria pro lado, pro outro,
          só conseguia parar no momento que
                    encontrava o tanque de areia.

Se perdia, enchendo com aquelas
          mãozinhas gordinhas, qualquer coisa
                    que encontrasse, areia fina
          e branca, como suas mãos.

Ainda ontem, aqueles olhos vivos, expressão
          aberta de uma criança feliz, tocava
                    os meus.

Eu, um pai, aprendendo a ser, temia, tremia,
          na insegurança de quem o faz
                    pela primeira vez, perdido entre
          as regras estabelecidas e a vontade
                    de deixar acontecer, deixar a
          flor se abrir por si mesma.

Caixa de surpresas...

Imagino como tem sido teus dias,
          como tens passado todo este tempo.

Imagino como tem sido teu caminhar,
         como tens aceito as margens,
                  o próprio trilhar.

Aí me dou conta que a vida tem recebido
        seus seres viventes de braços
                 abertos e a cada um deu de
        presente uma sina,
                 uma caixa de surpresas.

O doce amor acontece...

Acordo no meio da noite,
            toco de leve o corpo da amada,
                        ali pertinho.

Companheira, companhia,
            um ser semelhante, uma amiga.

Entre as palavras
            o doce amor acontece.
               

Um jardim viceja...

Você vestindo esta rústica fantasia,
             se esconde.
Esconde uma flor e lá dentro,
            bem lá dentro,
                        um jardim viceja,
            perfuma,
                        suave exalar de um amor
            que quer acontecer.     

Apaixonar-se...

Apaixonar-se, mergulhar no desconhecido sem
                   nenhum retorno. Aventura vivida por uns
                             poucos corajosos, corações
                   sedentos, sem medo da dor.

O orgasmo maior, um desmanchar-se em tudo
                   que é, um dissolver-se, se perder
                             sem qualquer sentido.

A vida nos presenteou com tamanha
                   emoção, para em canto encontrar o
                             ser divino, este esquecido num
                   canto qualquer sem nenhuma expressão.

Morremos cedo, muito cedo mesmo, no
                   instante em que decidimos fechar
                             as portas do nosso coração.

Mergulho nos teus olhos...

Estes tapinhas que você me dá 
       sempre termina num beijo 
             bem quente,bem terno.

Um abraço vem logo depois,
       nos perdemos.

O encontro vem quando o abraço
       se vai e mergulho
            nos teus olhos.

A mágoa pode ser curada...

               A mágoa pode ser curada, é muito simples. Reviva o momento em que a mágoa se instalou em você. O fato que gerou a mágoa, analise bem este fato, é como desmanchar uma costura, desatar um nó bem apertado. Veja cada detalhe, apenas veja, não julgue. Ao desfazer o nó da mágoa, ao desfazer a costura, ponto por ponto, a mágoa vai também se desfazendo, enfraquecendo, aliviando seu peito.
               Faça uma oração, aquela da sua fé, aquela que você gosta de articular e que ressoa no seu coração e te dá prazer.
               Permita que o sorriso brote. Ria, ria, ria, se entregue ao riso. Se vier a gargalhada, melhor ainda. É isto que eu chamo "transformar" a mágoa doentia, morta, em algo vivo dentro de você. Você está mais leve, em paz, ligada à Fonte Maior que cuida de tudo.

Não é bom guardar rancor...

               Não é bom guardar rancor. O rancor guardado se transforma numa ferida e uma ferida interna dói, machuca, se torna incurável. Não queira uma coisa assim dentro de você, também não procure fazer de conta que você não guarda rancor. É melhor olhar de frente para esta emoção, senti-la, ir fundo. Faça uma inspiração bem lenta até esvaziar todo ar, pare três segundos, expire esvaziando todo ar, pare três segundo, faça uma nova inspiração bem lenta até esvaziar todo ar... continue e lentamente feche os olhos e se entregue à sua emoção.
                Seja suave com você, seja carinhosa com você, deixe o amor cuidar de você...
                As emoções estão em você, nunca no outro, o rancor está em você, nunca no outro.
                Viver de forma sadia, com sabedoria é compreender o que se passa com você. A compreensão é a chave de tudo, ela abre as portas do viver feliz, do Ser Livre.

domingo, 19 de junho de 2011

Mistérios da vida e da morte...

               Desmancha-se no ar as quimeras, os sonhos, o brilho das ilusões. Um nada, um espaço vazio, puro de prazer, um prazer suave, gentil.
                Abençoados os budas, os escolhidos que abriram suas portas à verdade, à compreensão, aos mistérios da vida e da morte.

Bate outra vez...

          "Bate outra vez com esperanças o meu coração" disse numa linda canção o poeta Cartola.
                    Imagino como estava repleta de musicalidade e poesia a sua alma!

Vou comprar um chocalho...

          Ainda hoje encontrei um blogueiro amigo meu, seguidor fiel do Ser Livre, já às risadas, sem se conter, lembrando-se de alguns escritos engraçados por mim ali postados. E me contou de um fato ocorrido com ele nas ruas de Juazeiro, mais precisamente na Rua São Paulo, próximo do cruzamento com a Rua Alencar Peixoto. Ali onde se vende todo tipo de bugiganga, só vendo.
          Pois bem, estava ele passando displicentemente, quando ouviu uma conversa entre dois amigos que chamou sua atenção.
          - Você quer saber, vou comprar um chocalho.
          - E pra que tu quer um chocalho? Tu não tem gado, nem terra tu tem!
          - Pra botar no pescoço da minha mulher. A danada não para em casa!

Casamento por opinião...

               Casamento sem paixão, muitas vezes arranjado pelas famílias outras por opinião, por opinião? Sim, por opinião.
                Foi o que aconteceu com uma pessoa do meu conhecimento. A família não gostava muito do pretendente, um viuvo com oito filhos pequenos e ela, para contrariar a família, por opinião, deu o sim nos pés do Padre e na frente do Juiz.
                Foi uma vida difícil só amenizada pelas noites de forró na rua do pau.

Descanse em paz.

               Sula é uma pessoa extrovertida, de tudo fala e tudo diz.
              -Você se casou apaixonada, de quatro? Fiquei curioso.
              -Que nada! Minha família não  queria o casamento, o rapaz bebia muito. E por não ser do gosto de meus pais eu também comecei a ficar desgostosa. Fiz até promessas ajoelhada sobre uma pedra com meu padim Frei Damião e Padre Cícero, de quem sou muito devota, para me afastar dele de uma vez. De nada adiantou, a reza dele foi mais forte. Hoje, quase quarenta anos depois, moro numa casa e ele noutra mas todos os dias faço sua comida e cuido dele. Uma promessa que fiz à minha sogra no leito de morte.
               -Prometa minha filha que nunca vai deixar de cuidar do Zé, deixá-lo desamparado,
               -Prometo sim. Nós só se aparta quando um dia eu morrer. Descanse em paz.

As idéias são tantas!

               As idéias são tantas! Proliferam como formigas no rumo da cabeça, se aloja no coração e aí se expressam. É uma vontade incontida de me fazer ouvir, deixar fluir as letras, se unindo em sílabas, costurando palavras, contando fatos, expressando sentimentos em prosa e verso, poemas da vida que rolam soltos nos espaços do interior subjetivo.
               É assim que sei viver, é assim que é, é assim que tem de ser, nem sei se é, será?
               As idéias são tantas!