sexta-feira, 10 de junho de 2011

Nosso caminho, nossa vida.

               O tempo é uma criação da mente. O caminho vai sendo criado pelos registros mentais e a este caminho nós chamamos de vida. Este caminho é a história de cada um. Quando você diz "eu sou assim" você está se confundindo com passagens repetidas por determinados trechos do seu caminho. A mente registra estes trechos tão profundamente que termina causando esta confusão. E aquilo que você chama de você sofre, ou muitas vezes bate no peito com uma arrogância sem medidas e diz: eu sou assim mesmo! Uma grande ilusão, um terrível engano.
               Na verdade você é algo muito mais amplo, muito mais espaçoso do que esta limitada trilha a que você chama de vida. Orgulhosamente você chama "minha vida". Você até dá um colorido a este caminho, ornamenta, em determinados trechos pavimenta, planta árvores, arbustos, contorna com um belíssimo gramado, tudo faz para tornar a vida melhor, mais mansa, mas, mesmo assim, você ainda não encontrou você. Uma pequena angústia coçando lá dentro de você é um indicativo, um sinal.
               É possível viver plenamente? Ser Feliz?

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Brincar com as palavras.

É sempre bom brincar com as
           palavras, deixar que cada uma
                         tome seu lugar, permitir que
                a harmonia cuide da canção.
Uma flor, o canto dos pássaros, água
          brotando da fonte dando vida ao
                       riacho que chega ao rio.
Uma sombra, árvore transpirando 
          silêncio, abrigando vidas que se
                      chegam e ali repousam da
             caminhada que parece começar
                          a cada instante.
É  um mar revolto, ondas que se quebram
         sobre os rochedos numa eterna
                     luta, aquele barulho infernal
              que não dá  sossego.
Uma borboleta azul passa, traz
        de volta a paz que tantos buscam.

Teu toque.

Quando me vejo através dos teus
                        olhos, me vejo criança, menino
                                    travesso, vida pulsando, broto
                        acontecendo na velha mangueira.
            Teus gestos despertam a dança,
                        me vejo de braços abertos, soltos,
                                    hastes de capim balançando suave
                        no vale com o toque da brisa.

Tu tens de sobra...

Sobrou um pouquinho aqui e ali.
            Pernas torneadas, grossas, a
                        pele macia dá o tom que o
            sol tostou.
Corpo gordinho balançando no
            ritmo da caminhada, danças.
Cinturinha saliente expondo
            um pouquinho da fofura
                        que teu corpo mostra.
Face redonda, graciosa, aberta num
            sorriso que se entrega à manhã,
                        ao caminhante e à  vida que
            tu tens de sobra.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Encontros em Brasília

               Brasília é hoje uma cidade grande, com direiro a engarrafamento e tudo que uma metrópole merece. Mas a cidade ainda mantém certos espaços com características próprias. Uma delas é uma certa facilidade para reencontrar amigos. Estou aqui há cinco dias e encontrei casualmente duas pessoas que eu prezo muito, simplesmente andando pelas quadras. Uma delas eu encontrei próximo de um semáforo (no projeto original de Lucio Costa não havia previsão de sinalização eletrônica - uma cidade sem cruzamentos) , foi aquele abraço e muito papo.
               Uma amiga de muito tempo, nos conhecemos na Unicamp, acabei de encontrá-la numa panificadora , no comércio local da 415 Norte. Gosto muito de tomar o café da manhã numa padaria aqui em Brasília. Um velho hábito desde que aqui cheguei em 1970. Era solteiro, morava num quarto de um apartamento da 106 Sul e não tinha acesso à cozinha, o jeito era me virar. Não esqueço nunca do café com leite (pingado) servido num copo, acompanhado de pão-de-queijo, uma tradição mineira, coisas de JK. Foi uma conversa demorada que tive com a Dulce, um abração daqueles, de matar as saudades. Só nos despedimos porque precisava chegar em casa com o pão ainda quentinho.

domingo, 5 de junho de 2011

Em Brasília

                Brasília cresceu demais nos últimos quarenta anos. Quando aqui cheguei, em maio de 1970, o aeroporto era um barraco de madeira e a aeronave que me trouxe de Fortaleza um Avro da Varig. A bordo, uma refeição servida numa caixa de papelão bem arrumada. A diferença para melhor era a bebida com fartura, uisque, cerveja, para afastar o medo de um primeiro vôo.
               Passa do meio dia, quase treze horas, Pátio Brasil, W3 Sul, . Praça da Alimentação lotada, fila em quase todos os quiosques de refeições,  um barulho ensurdecedor tirando a calma que o momento exige. Melhor se ligar na respiração, aquela dica budista e relaxar.
              Olho nas faces das pessoas, cada um no seu mundo, mesmo quando a conversa parece animada.É assim um almoçar num shopping. É comer e sair correndo.