sábado, 11 de fevereiro de 2012

Existe Vida Após a Morte?

               A morte é um grande mistério e a vida traz, no seu âmago,  algo que precisa ser buscado, investigado para que tenha algum sentido. Acho esta resposta de Osho, para uma pergunta de um discípulo, fascinante e digna de ser compartilhada com você, leitor do Ser Livre.

"Existe Vida Após a Morte?
Esta é uma pergunta errada, basicamente sem significado. Nunca se deve saltar à frente de si mesmo: existe toda possibilidade de cair de cara. Deve-se fazer a pergunta básica, deve-se começar pelo princípio.
 Minha sugestão é: faça uma pergunta mais básica. Por exemplo, você pode perguntar, "Existe vida após o nascimento?" Isto seria mais básico, porque muitas pessoas nascem mas muito poucas pessoas têm vida. Você não está vivo apenas por nascer. Você existe, certamente, mas a vida é muito mais do que a mera existência.
Você nasce mas, a menos que renasça no seu ser, não vive, nunca vive. O nascimento é necessário, mas não é suficiente. Alguma coisa mais é necessária, do contrário simplesmente se vegeta, simplesmente se morre. É claro, é uma morte muito gradual - e você está tão inconsciente que nunca sabe, nunca se torna ciente disto.
Do nascimento à morte, é uma longa progressão da morte. É muito raro encontrar alguma pessoa viva. Um Buda, um Jesus, um Kabir - eles estão vivos. E este é o milagre: aqueles que estão vivos nunca fazem a pergunta: "Existe vida após a morte?" Eles a conhecem. Eles sabem o que a vida é, e neste conhecer, a morte desapareceu. Uma vez que você saiba o que é a vida, a morte não existe.
A morte existe apenas porque você não sabe o que a vida é, porque você ainda está inconsciente da vida, da sua ausência de morte. Você não tocou a vida, portanto o medo da morte existe. Uma vez que você conheça o que é a vida, neste próprio momento, a morte se torna não-existencial. Traga luz ao quarto escuro e a escuridão desaparece; conheça a vida e a morte desaparece". Osho, em O Caminho do Amor (cap. 8)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O sonho vira realidade...

                    Sempre gostei de realizar os meus sonhos. Procurava não criar expectativas, não forçar as coisas, mas dentro de mim havia uma voz que sempre lembrava-me.  Eu tinha certeza que uma força maior estava conspirando a meu favor. Ficava tranquilo, sabia aguardar a hora certa de acontecer, da realidade se mostrar por inteira.
                    Assim foi com o trabalho na Universidade de Brasília. Ao caminhar pelos amplos espaços do Instituto Central de Ciências, o ICC, também conhecido como "Minhocão", algo dentro de mim dizia-me que um dia estaria ali como professor. Algo me confortava, não criava nenhuma expectativa, o meu lugar ali estava assegurado. Voltava para meu trabalho costumeiro e tudo continuava normalmente.
                    Certo dia fui procurado pelo Professor Jean Kleber, do Departamento de Engenharia Agronômica da UnB, para proferir uma palestra sobre a utilização de plantas nativas nas áreas verdes de Brasília. Era um trabalho que vinha conduzindo com sucesso no Departamento de Parques e Jardins de Brasília, já a algum tempo. O Jean era Presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Distrito Federal e estava organizando as comemorações da semana do Engº Agrônomo.
                      Estava assistindo a palestra o Professor Roberto Meireles, então chefe do Departamento de Engenharia Agronômica da UnB. Ao terminar o evento, ele procurou-me e elogiou o trabalho. Na ocasião, me consultou sobre a possibilidade de eu transmitir aquele conhecimento aos alunos do curso de Engenharia Florestal, como professor da disciplina Dendrologia. Mesmo sendo obrigatória da grade curricular, não estava sendo oferecida por falta de professor. Marcamos um encontro já para o dia seguinte, pois havia urgência na contratação de um mestre, e tudo deu certo conforme já havia acontecido dentro de mim há algum tempo. O sonho vira realidade. Lá fiquei até o dia da minha aposentadoria.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Um instante é tudo...

Um instante é tudo, é aí que a vida acontece. 
É como um mergulho em algo vivo dentro de nós, um mar de alegria onde reina a felicidade. 
No aqui/agora está o começo e o fim de tudo, em matemática chamamos o "instante t", um salto quântico.
Aí não existimos, não somos, só a vida é.
Daí o medo, mergulhar no desconhecido, poucos se arvoram, não sabem o que estão perdendo.
Viver é se deliciar na corda bamba, deslizar no fio da navalha, vislumbrando algo sobrenatural.

Descobrindo as asperezas da vida...

                Estou em Fortaleza, o sol da terra de Alencar está entrando pela janela do apartamento, aquecendo meu braço esquerdo. Olho em direção à Praia do Futuro, só vejo prédios elevados e poucas árvores colorindo de verde o que sobra dos telhados das casas que teimam em continuar de pé.
                Toda vez que aqui chego, me lembro da primeira vez que aqui aportei. Um garoto acanhado, nos seus 15 anos, temeroso da imensidão da cidade daquela época. A Avenida João Pessoa muito larga, difícil de ser atravessada, olhando com pavor e com cuidado os carros que ali circulavam, procurando uma brecha para cruzá-la com segurança em direção à Avenida Tristão Gonçalves, endereço do Ginásio Agapito dos Santos, onde cursei a terceira e quarta séries.
                 Minha mãe insistia para que eu nunca tirasse o santo rosário do pescoço e eu, muito obediente às suas determinações, cheguei à escola na capital do estado adornado com as contas das ave marias e pai nosso, que eu rezava, sempre me lembrando de suas recomendações religiosas. Nunca pensei que este meu gesto fosse provocar risos e mangofas dos colegas de classe. Mas foi o que aconteceu e logo me apelidaram de romeiro do Padre Cícero. Não precisa dizer como me senti. Usar ou não usar? Não podia contrariar a minha mãe que estava distante e, por isto mesmo, merecia ainda mais a minha obediência.
                O que fiz? Circulando na cidade levava no pescoço as contas da prece e quando chegava nas proximidades do ginásio colocava-o no bolso e, com o passar do tempo, a meninada foi esquecendo e me deixando em paz. Não foi fácil para mim vencer as limitações de um beradeiro do interior na convivência com a turma da capital. Estas lembranças me levam de volta àquele menino frágil, de coração puro, descobrindo as asperezas da vida.