sexta-feira, 24 de junho de 2011

Viagem à India.

               A primeira vez que estive na India foi em 1989, cheguei lá no mês de dezembro. O avião pousou no aeroporto de Bombaim, hoje Mumbai,  a maior confusão no momento do desembarque, uma desorganização que só vendo, coisas de indiano que só depois pude entender. Deixei o aeroporto com destino a Puna, cidade onde se encotrava o motivo de minha viagem. Encontrar Osho, chegar perto dele, sentí-lo, beber da fonte da sabedoria. Em 1988, quando pedi para ser seu discípulo, ou seja, quando pedi sânias, ele me deu o nome de Suami Arpana Gyan. Swami significa mestre de si mesmo; Arpana, ofereça-se a Deus; Gyan, sabedoria. Ofereça-se a Deus com Sabedoria, é a minha caminhada nesta passagem pelo planeta. Desde que me tornei discípulo, algo dentro de mim me pedia para que eu fosse ter com Osho, era um chamado insistente, uma vozinha lá dentro: um homem do quilate de Jesus aqui na terra e você vai perdê-lo novamente? Não vai conhecê-lo? Chegar perto dele? Até que um dia me chegou a grana e pela primeira vez na vida cruzei o atlântico, dez horas de vôo até Londres, mais dez até Bombaim.
              Peguei um taxi no aeroporto e segui viagem com destino a Puna (Pune), uma distância de aproximadamente duzentos quilômetros. Na saída do aeroporto muita sujeira na rua, muitos barracos paupérrimos com pessoas vivendo dentro, gente vivendo até sob teto forrado de papelão e paredes de lona preta de plástico, uma pobreza só. Quando o taxi parava num semáforo o motorista pedia para que eu suspendesse o vidro do carro porque a garotada e pedintes de todas as idades estendiam as mãos e inclinavam as cabeças em nossa direção, muitos se agarrava ao veículo, eu apavorado. Já arrependido de ter feito a viagem, se pudesse voltaria dali mesmo. O coração apertado, uma pobreza maior que a do meu país e multiplicada inúmeras vezes, o medo maior era de ser assaltado no percurso da viagem.
               O taxi era um automóvel antigo, desses que conheci quando criança, na praça de Juazeiro do Norte, o carro de praça como chamávamos e que fazia corridas dentro da cidade ou para cidades vizinhas. Não esqueço nunca os passeios que fazíamos do centro de Caririaçu para o quadro do pernambuquinho, nos dias da festa do padroeiro ou de final de ano, no carro de Turão, um conhecido motorista de praça da época. Isto se deu no final da década de 1940 e início da década de 1950. Eu era tão pequeno que precisava esticar o pescoço para ver as casas das laterais da rua. O carro tinha um cheiro forte de gasolina, nos deixava enjoados e aí só podíamos dar uma ou duas voltas. Minha tia Celi pagava o passeio. Não posso avaliar a alegria que nos tomava o coração tamanha aventura! Este era o modelo de carro que vi muitos naquela minha primeira viagem à India, circulando ao lado de modelos modernos, caminhões, motos, lambretas, bicicletas, rickshas, carroças puchadas a camelos, bois, búfalos, pedestres tudo junto circulando nas ruas das pequenas e grandes cidades.


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