quarta-feira, 1 de junho de 2011

Bandeira vermelha para a nossa saúde.

               Bandeira vermelha para a nossa saúde. Ontem levei minha mãe a um dos melhores hospitais do Cariri, para se submeter a uma cirurgia. Ela tem 91 anos de idade, está lúcida e recentemente perdeu seu esposo com 94 anos. Viveram juntos 69 aninhos.
               Minha irmã, que é médica, paga para ela um plano de saúde até bom. Tem ajudado muito quando se encontra médicos credenciados na região e ajuda mais ainda quando há necessidade de se fazer exames. Tentamos fazer a cirurgia através do plano de saúde, não deu certo porque o médico não é credenciado. Bem, se o médico não é credenciado o hospital é, quem sabe não dá certo pagar ao médico e deixar as despesas  hospitalares por conta do plano! Procuramos o hospital mas encontramos uma certa dificuldade. Não é bom porque aí o médico não vai poder fazer no prazo combinado, ou seja, a paciente vai ter de esperar na fila das pessoas credenciadas pelo plano. Pelo que entendi há uma fila de prioridades para a turma do SUS, uma fila para a turma de planos de saúde e uma fila, mais tolerável, para quem paga antecipado.
               É antecipado mesmo, eles chamam de "pacote". A cirurgia de mamãe durou mais ou menos uma hora e custou R$3.050,00 (três mil e cincoenta reais). Tem direito a passar até três dias hospitalizada. Mais do que isto combina-se um novo "pacote". Até aí tudo bem. Tivemos de arranjar o dinheiro, uma vez que o problema de saúde de minha mãe necessitava urgência.
               Minha mãe chegou ao hospital na hora combinada pela secretária do médico, entre 10 e 11 horas da manhã. Tomou um café reforçado as 7 horas e daí prá frente jejum, nem água. A cirurgia estava marcada para as 14 horas. Achei que a necessidade de chegar bem antes da hora marcada para a cirurgia fosse para as providências corriqueiras de internaçao e para que a paciente tivesse um tempo de repouso necessário.
               Ao chegar, fui à tesouraria para as providências de praxe e a atendente me falou para aguardar pois estavam esperando a liberação de um leito. - Sente-se um momento e aguarde, me falou. Me sentei, peguei uma revista para ler e relaxei. Ao chegar à sala havia umas seis pessoas também esperando. Conversa vai, conversa vem, fiquei sabendo que aquelas pessoas estavam alí desde as seis horas da manhã para garantir que sua cirugia acontecesse naquele dia. Já fiquei preocupado, não tirei o olho do guichê, esperando que a moça me chamasse. A cirurgia da minha mãe é particular, não vai ter problema, pensei.
               Mais ou menos às 13 horas apareceu uma outra moça, uniformizada, elegante e foi logo dizendo: - Olha gente, não tem um leito disponível, nem em enfermaria nem em apartamento, infelizmente. Mas, e para minha mãe?  - É provável que eu consiga, pois, ela é mulher e acho que vai desocupar um leito de enfermaria na ala feminina, aguarde! A cirurgia estava marcada para as 14 horas e as 13 não se tinha um leito para receber minha mãe. Pedi para que arranjassem uma cama em qualquer lugar para ela deitar-se e repousar um pouco antes da cirurgia. Arranjaram um leito no setor de triagem, na emergência do hospital. Vocês devem conhecer a ala de emergência de um hospital, não é o ideal para se deixar uma pessoa que está se preparando para uma cirurgia, mas... Duas camas numa minúscula sala, a primeira já ocupada por uma senhora passando mal por conta de uma infecção intestinal. Seu esposo era médico do hospital e por regalias próprias do cargo, conseguira aquele leito, pois sua esposa estava alí também aguardando vaga para uma enfermaria ou para um apartamento desde cedo. Pensei logo que a cirurgia de minha mãe não ia dar certo conforme havia acertado com o médico.
              Preocupado, voltei à tesouraria e novamente me disseram que aguardasse mais um pouco, era bem provável que não conseguissem o leito, estava muito difícil. Liguei para o médico e ele pediu para que eu passasse o telefone para a atendente. Conversaram não sei o que e tudo voltou ao que era antes, esperar mais um pouco. 16 horas e minha mãe, com 91 anos, em jejum e nenhuma perspectiva de cirurgia. O médico já estava no hospital. Para encurtar a conversa, tive de abrir o berreiro em determinado momento, ser mal educado e chingar em alto e bom som, "fazer um barraco", para que aparecesse um leito de enfermaria na ala de oncologia e isto aconteceu as 17 horas. As 18:30 minha mãe saía do Centro Cirúrgico já operada e passando bem. Eu é que passei mal o dia todo.

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