sexta-feira, 20 de maio de 2011

MEU ANIVERSÁRIO

         Nasci neste planeta há algum tempo atrás. Cheguei num tempo mesmo, num tempo que não existe mais. Se não existe mais este tempo é porque na realidade eu não nasci. Iniciei uma passagem por esta terra, uma jornada, e muito interessante. É bom quando se percebe, há um descanso quando se aceita, há uma paz quando se vislumbra sem nenhum apego o retorno.

         As asas que me trouxeram eram muito leves, suaves, planavam no espaço que não tinha fim e se fez presença num útero aquecido, morno, bem morno, de uma jovem recém-casada, muito bonita, cabelos longos presos do lado, finos, macios e muito brilhantes. Parecia uma menina, sem experiência, mas contida num amor que parecia eterno. Depois de algum tempo fui perceber que era minha mãe. É, quando a gente nasce, nasce de uma mãe, pessoa muito especial que nos acolhe como pode, sempre querendo dar o impossível para nos ver felizes. E eu era uma criança feliz. Vivia num sítio lindo, terra coberta de árvores, sombra que não acabava mais, logo ali, no quintal dos velhos jatobás.

         Aniversário, aniversários e mais aniversários, uma forma bonita de se comemorar o passar dos tempos, de contar a nossa passagem, de medir o nosso crescimento - flores colhidas no jardim da vida. Com espinhos, é certo, abençoados espinhos que nos ajudam a crescer, a prestar mais atenção na beleza das rosas, nas sinuosidades do caminho; algumas ladeiras, alguns vales, picos altos vencidos com temeridade e alcançados com o prazer da vitória.

         Meu aniversário, com bolinhas de soprar, bolo, vela, velas muitas agora, sopradas com o calor do ar que sai de dentro, quente como o coração que agora abraça os amigos que me fazem lembrar da beleza da vida, vivida sempre com presenças tão amáveis, flores embelezando a mesa posta para celebrar mais um ano nesta existência sem fim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário