sexta-feira, 20 de maio de 2011

SENTIMENTO MATERNO.

               Não sei ser mãe, também pudera, nasci homem!
             Por que este pensamento meu Deus! Estou ficando louco? Acordo no meio da noite, fico sem dormir, só pensando, não sei ser mãe...
         Matutando, matutando, mergulhando profundo neste pensamento, me vem à lembrança o sentimento materno e aí me pergunto – por que não fui mãe quando a necessidade me pediu para que eu fosse?
         Espere aí, de novo pensando nestas coisas? O que está acontecendo?
         Mas acho que  minha consciência tem razão. Por que não fui mãe quando meu filho chorando me pediu o colo? E eu o neguei. Eu, uma pessoa importante, um homem de negócios, com um menino no colo? O que iriam pensar de mim?
         Vontade eu tive de tomá-lo em meus braços, acariciá-lo, fazer dormir aquele ser carente de um colo aquecido de mãe. Eu bem que poderia ter feito uma ação tão nobre... A vaidade não permitiu tamanho gesto.
         Por que este pensamento no meio da noite? Este tormento?
         Aí me lembro que certa vez meu filho chorava pedindo a mamadeira, sua mãe não estava e eu o fiz calar-se ameaçando com o poder de pai severo que eu era. E ele calou-se, de medo. E eu não fui capaz de fazer sua comida. Meu instinto materno bem que pediu, mas este sentimento é tão frágil, tão sem poder. Eu não o fiz...
         Aí começo a entender porque acordo agora, no meio da noite.
         Uma coisa chamada consciência, martelando dentro de mim. Me chamando à razão. Me cobrando uma ação mais sublime. Um ser mãe que habita cada ser humano, não apenas as mulheres, mas os homens também e que é necessário para que o mundo viva melhor. Uma mãe saberia cuidar melhor do mundo do que um pai. E por que o pai não deixa?
         Que pensamento mais louco! No meio da noite! Outra vez?
         Mas aí eu volto àquele instante em que meu filho me pediu para contar histórias para ele dormir e eu lhe disse que não tinha tempo, que precisava ver o noticiário da TV. Ele ficou ali, sentado a meus pés, agarrado com seu bracinho às pernas da minha calça. E dormiu, por cima do livro de histórias, esperando minha atenção.
         Uma coisa mais forte do que eu mesmo fez descer as lágrimas sobre minha face. Mais uma vez fui tomado pelo sentimento materno, um sentimento que chora e neste momento não pude segurar e chorei mesmo, me entreguei e pude ver que ainda há tempo. E percebi que o mundo está precisando de muito amor e só uma mãe pode dar.
        
         O amor não pede nada em troca. Ele é muito materno.

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