sábado, 6 de agosto de 2011

Um sorrir é meu agradecer...

A vida me presenteou com Tua bondade, com Tua compaixão...
Sou grato.
Quantos espinhos no caminho do viver inconsciente tive que suportar...
Você veio ficar bem perto, não me deixou mais, bebi do cálice de Tua bondade, me embriaguei na suavidade do Teu amor...
O que quero mais? Estou completamente abastecido do viver, do pleno viver que conheci aos estender a Você as minhas mãos...
Um sorrir é meu agradecer...

Calar, calar, por que não?

Calar não posso, por que calar?
Uma compreensão maior me diz que é bom calar. Melhor ainda, ouvir o silêncio dentro de mim.
Não quero acreditar, como experimentar?
Ouço uma música distante, uma suavidade é o seu recado.
Cada nota musical se enveredando numa melodia tocando dentro do meu coração, me aliviando, me deixando mais perto do silenciar...
Calar, calar, por que não?

Meu primeiro encontro com Osho... Puna, Índia, 1989.

          Quando cheguei ao Buddha Hall, no meu primeiro encontro com Osho, fiquei sentado no chão, um piso de mármore branco, tão liso! Tão frio! Uma grande curiosidade e expectativa tomava conta de mim. Umas três mil pessoas ali sentadas também à espera do Mestre. Todas vestidas com um robe branco, tanto homens quanto mulheres, não havia diferença no vestir.
          Ao chegar ao Buddha Hall, duas discípulas, uma de cada lado da entrada, se inclinaram na minha direção e me cheiraram. Não sabia porque. Só depois é que fiquei sabendo que Osho não gostava de sentir o cheiro de perfumes ou mesmo de sabonetes com perfume mais ativo. Não se sentia bem e se a pessoa estivesse perfumada não poderia entrar para o encontro.
          O conjunto musical começou a tocar uma música suave dando início ao encontro daquela noite. Quando Osho chegou eu me decepcionei. Um camarada baixinho, sem graça, foi a minha primeira impressão. Fiz uma viagem de tão distante só para ver esta figura! Bem, não posso fazer nada, entrei na música, na dança e deixei acontecer.
          A música se cala, Osho senta-se na cadeira e fiquei a olhar pra Ele e relaxei. De repente uma suavidade toma conta de mim, um riso sem tamanho me invade, uma alegria que nunca havia sentido se faz presente. Aí eu fui entender porque estava ali. Ele me mostrara o novo dentro de mim.
          Agradeci.

E só sentir é o que importa...

Não sei o que dizer, me vem um sentimento assim...
O que dizer? Melhor calar, seria?
Interrogações povoam minha mente e me afasto mais e mais de mim mesmo...
Um espaço novo vem quando as interrogações se vão.
Um sorriso suave me diz do prazer de estar vivo para ver as interrogações passando, passando...
E só sentir é o que importa.

Não estou só, eu sei...

Não estou só, eu sei...
Não estou só, uma companhia se faz presente.
Sinto que não estou só, um caminhar suave acompanha minha sombra...
Olho para trás não vejo nada.
Sinto passos junto dos meus, uma sombra que não é a minha...
Não estou só, eu sei!

Rreflexo do sol, da lua, não sei...

Procuro a lua, não encontro, já se foi.
Está quase a amanhecer, o frio da noite me diz.
Ainda ontem, nos primeiros passos sem sol,
a lua prateava a estrada, clareava os arbustos.
Um pouco de luz se esconde
dentro de mim, reflexo do sol,
da lua, não sei.