sábado, 28 de maio de 2011

Bandeiras do Ser Livre.

             Ser Livre vai levantar algumas bandeiras, sempre que a ocasião aconteça. Moro numa pequena cidade do estado do Ceará, por nome Caririaçu, com uma população urbana de 14.044 habitantes. Um lugar de clima agradável, altitude de 730m, na Serra de São Pedro, região do Cariri.
             Deveria ser uma cidade calma mas não é. Não é por várias razões e uma delas é a proliferação sempre crescente do número de motos, dirigidas por pessoas sem habilitação e sem qualquer qualificação para se movimentar no trânsito já caótico de suas ruas estreitas e sempre em aclive ou declive acentuados, na maioria das vias.
             Conversando outro dia com uma agente de saúde, que vez por outra aparece na casa de meus pais, fiquei sabendo, por ela mesma, que aprendeu a se equilibrar numa moto, mesmo sem ter aprendido a pedalar uma bicicleta. Com esta moto ela transitava pela cidade para fazer o seu trabalho. Não precisa dizer, ela não é habilitada. Pois bem, outro dia me encontro com esta moça com a perna engessada, apoiada numa muleta. Acidente de moto.
              Precisei levar minha mãe ao hospital da cidade. Era noitinha e a enfermaria estava agitada - três rapazes embriagados recebendo atendimento médico, com escoriações por todo corpo. Um deles com a face riscada de vermelho pois havia sido jogado de encontro a uma cerca de arame farpado. Depois de atendidos, refeitos do susto, nem sei se eles se assustaram, acho que não pois logo em seguida montaram os três na mesma moto e num rampante colorido pela aceleração exagerada da moto, seguiram sem rumo, em busca de novas aventuras.
              Estes fatos acontecem diariamente, alguns fatais e já são tão corriqueiros que nem a polícia toma conhecimento. Aqui na minha cidade um garoto sai da bicicleta diretamente para uma moto e se aventura pelas ruas fazendo vítimas e pondo em risco sua própria vida e a dos outros.
             No meio rural não é diferente, você não vê mais jumentos nem burros como meio de transporte, muito menos de carga. É comum se encontrar motos com três a quatro passageiros ou com cargas as mais variadas. Já vi motos levando porco, cabrito, caçuás, feixes de lenha, capim etc. Tudo que o "jumento nosso irmão" fazia. Este, coitado, está vagando agora pelas margens das estradas abandonados pelos seus donos. Perigo para o jumento e para as pessoas.
              Esta é uma bandeira vermelha que Ser Livre levanta, não com a esperança de ver o problema solucionado mas como um alerta à consciência de cada Ser que habita nossas pequenas cidades. Sei que não é um privilégio nosso mas uma epidemia disseminada por todo interior deste enorme Brasil.
              Fico imaginando, matutando mesmo - os políticos quando resolvem tomar a si a administração de um município, um estado, um país, será que não pensam nos problemas que vão enfrentar? Se pensam não sei porque é uma inércia tão grande, uma má vontade, uma falta de coragem ou seria um comodismo?
              Sonho com um mundo diferente, ouso sonhar... Ou seria uma utopia? 

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