sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A inocência é a verdadeira felicidade, tem uma qualidade divina...

          Os caminhos que trilhei, em alguns momentos pareciam assim: planos, um horizonte perdido, distante do imaginário. 
       As pegadas não mais existem, mas guardo bem vivas dentro de mim eternas lembranças. Tempos bons aqueles.
                 De manhã logo cedo saía em direção ao sitio, lugar agradável, ar puro, buscando colher frutos maduros no pé. Jaqueiras, mangueiras, goiabeiras, laranjeiras, oliveiras, cada uma no seu tempo. Um lanche especial sempre me aguardava quando me demorava na caminhada. Quase sempre uma água de coco bebida ali debaixo da palmeira. Cachos enormes pendiam de vigorosos troncos. 
                Laranjas doces, amarelinhas, meu pai pedia para esconder as cascas sob as folhas secas. Não deixar rastro. Jaca dura ou jaca mole, um cheiro que se espalhava por tudo em volta. Já sabíamos da disponibilidade de uma merenda farta. Goiabas madurinhas, algumas picadas por pássaros, ao alcance das mãos. O sereno da noite deixado sob gotas em sua casca. Da branca ou da vermelha, todas muito doces. Não esqueço a língua roxa que mostrávamos uns aos outros depois de degustar deliciosas oliveiras. Sob sua copa uma densa sombra, sabiás e sanhaços escondidos entre os ramos, saboreavam também.  
            As boas lembranças da vida reabrem espaços dentro de nós trazendo de volta a felicidade. Não é que tragam de volta, a felicidade está sempre aí, precisa ser reconectada. As lembranças da infância parecem mais vivas, mais vibrantes, mais inocentes. E esta inocência é nossa verdadeira felicidade. Tem uma qualidade divina. 

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