O meu Deus eu costumo chamar de Existência, Osho me ensinou. Não é um ser antropomorfo, como aprendi a visualizar desde a tenra idade. Minha mãe gostava, era bem mais fácil criar os filhos com a ajuda de um Deus imponente, sentado num trono, só vigiando nossas desobediências, controlando nossos pecados, anotando tudo, ameaçando com o fogo do inferno.
A Existência é uma energia acolhedora, suave, sempre disponível. É bem mais de acordo com o que aprendi com meu pai. Ele nos dizia que o seu Deus estava ali no sítio, no meio das árvores, das fruteiras, naquele ambiente de paz. Ali encontrava seu bem estar em conversas particulares que tinha com o Deus que ele imaginava. Não quero nada de ninguém, não faço mal ao outro, procuro sempre o acordo e tudo faço para viver bem. Esta é minha religião, nos dizia.
Vi muito pouco meu pai na igreja, gostava mais de ficar do lado de fora, próximo do cruzeiro que ficava na entrada. Os filhos homens deveriam acompanhá-lo, dizia minha mãe. Eu achava ótimo. O padre também não gostava de criança bagunçando dentro da igreja, era duro com a meninada.
Na velhice ele se enfezava com as dificuldades próprias da idade, mas logo depois estava sorrindo. Morreu como um passarinho, como costuma se dizer, em meus braços. Foi uma despedida muito terna, nunca vou esquecer. Tenho certeza que foi muito fácil para sua alma encontrar a paz merecedora tão logo desencarnou, ele já vivia no seu céu particular, que já era bem amplo, repleto de anjos da natureza e seres afins.
É importante cuidar do Deus e do céu aqui mesmo na terra, a passagem se torna bem mais fácil, e uma mão acolhedora estará sempre estendida em nossa direção.
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