Jovens, é tempo de Rock in Rio... Curtam!

          É tempo de Rock in Rio, a segunda edição. Meu pai era músico, e muito conservador. Gostava das músicas da velha guarda - samba, chorinho, valsa... Não aceitava a modernidade musical dos anos sessenta, a MPB, a revolução jovem da música. Detestava Roberto Carlos, dizia: isto não é música. Ele insistia para que ouvíssemos chorinhos e eu gostava muito. Até já falei deste tempo para vocês, do tempo da Bandinha de Altamiro Carrilho.

         A chegada do rock para ele foi então um arraso, como se fala hoje. Um verdadeiro crime musical. Importação de um lixo musical. Coisas de americanos. Americanizaram a nossa música, dizia. Nunca aceitou. Eu concordava com ele e gostava mais de dançar juntinho com a garota, também era uma grande oportunidade de dar uns amassos nas meninas. Era gostoso. A música do meu tempo de jovem era o bolero, ritmo latino muito sensual. Uma dança muito romântica, roçando nos cabelos da amada, sentindo seu aroma. 

         O rock veio quente, mas a dança era afastada, separava os casais, dançava-se em grupo, a dança grupal. Muita energia, loucura, jogava-se para fora todas as energias negativas, as loucuras mesmo. Tenho um filho de dez anos que está muito sentido por não poder estar no Rio para este grande festival. Vivo também este tempo e sei que é bem do momento. Aos jovens de todo Brasil só tenho a dizer: vivam o seu tempo e curtam pra valer.