terça-feira, 23 de agosto de 2011

Nois sofre mais nois goza!

Gosto de vê o cabra animado, falando besteiras, de bem com a vida. Seu Tito era destas pessoas, não deixava ninguém quieto. Certa vez,arreou o cavalo e foi para um forró pé-de-serra, desses animados a fole de oito baixos, triângulo, pandeiro e um zabumba. As músicas saiam do fole com toda animação e o nego não parava de dançar. Cachaça e muié é que anima a festa, dizia Seu Tito, velho freqüentador de sambas e forrós da redondeza. Ia mais pra espiar as saias das moças levantar numa rodada sem fim. Êta bicho bom! Se animava. A Zefa de Neguim era a mais espritada, deixava os cabras de água na boca.Ô muierão! Do juei pra riba se vê muito pouco mas já dá pra animá o nego, repetia Seu Tito.
Numa das tantas, começa uma disavença. Uma dama não quis dançar com Zé Bigode, estava esperando o namorado, só dançava com ele, e de feição. Zé era teimoso e arruaceiro. Ainda segurava a mão da moça quando o noivo chegou. Foi aquela confusão! Que é que se assucede por aqui? Que negócio é este? Sorte a mão da minha muié, seu desgraçado! Levou um soco no pé do ouvido na mesma hora, Zé não quis conversa.
A sala da dança só tinha uma porta e uma janela. Tava impinhadinha de gente. Com a confusão era homem mulher e menino se apertando para sair na porta e tentando escapar pela janela. O sanfoneiro, ao tentar sair,tropeçou e caiu no pé da janela. A mulherada enganchava a perna no parapeito da minúscula saída e só se ouvia o gemido do sanfoneiro, - "nois sofre mais nois goza".

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