O camarada estava com câncer, com os dias contados. A família sofria com ele os mal tratos que a doença impõe sem qualquer piedade. Diante do final que estava por vir, resolveu dar uma festa e convidar todos os amigos. Seria sua despedida bem animada, apesar da dor que estava passando.
No dia combinado os convidados começaram a chegar e nada entendiam. Uma festa? O homem está se acabando? É o que todos pensam num momento destes. Mas ele queria deixar a vida de bem com ela. Afinal, era apenas o corpo que estava sofrendo. A alma, eterna, de nada perecia.
No meio da festa, manda parar o som e faz aquele discurso. Bem amigos, esta festa é uma despedida. Valeu por tudo que fiz e como fiz. Estou com Aids e sinto que meu tempo aqui na terra está terminando. Não queria partir sem ter me despedido de todos vocês. O discurso continuou e, apesar de não ser a sua intenção, muitas lágrimas foram derramadas por aqueles mais sensíveis. Muitos riram também. O certo é que a despedida aconteceu.
Ao terminar a festa, seu filho, curioso, lhe pergunta:
- Pai, o senhor não está com câncer? Ou é Aids mesmo?
- Que nada filho, é câncer mesmo. É só pra ninguém querer ficar com sua mãe quando eu morrer.
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